Educação e
Cultura para Amazônia.
O escrito foi um recorte dos autores abaixo citado.
Textos de Referência.
Ivanilde Apoluceno. Org – Cartografias Ribeirinhas Belém/PA, 2º edição. Eduepa, 2008.
Carlos Rodrigues Brandão – A educação como cultura – Campinas/SP, Mercados de Letras, 2002.
Maria Lucia de Arruda/Maria Helena P. Martins. Filosofando- Introdução a Filosofia. São Paulo, 3º ed. Moderna , 2003
O mundo que resulta do pensar e do agir humano não pode ser
chamado de natural, pois se encontra transformado e ampliado por nós. Portanto,
as diferenças entre pessoas e animais não são apenas de grau, porque enquanto o
animal permanece mergulhado na natureza, nós somos capazes de transforma-la
tornando possível a cultura.
Em antropologia, cultura significa tudo que o ser humano
produz ao construir sua existência: as práticas, as teorias, as instituições,
os valores materiais e espirituais. Se o contato com o mundo é intermediado
pelo símbolo como bem referência Carlos Brandão em seu texto “a educação como
cultura”, a cultura é o conjunto de símbolos elaborados por um povo. Dada a
infinita possibilidade humana de simbolizar, as culturas são múltiplas e
variadas: inúmeras maneiras de pensar, de agir, de expressar anseios, temores e
sentimentos em geral. Por isso mudam as formas de trabalhar, de se ocupar com o
tempo livre, mudam as expressões artísticas e as maneiras de interpretar o
mundo, tais como o mito, a filosofia ou a ciência.
O mundo cultural é um sistema de significados já
estabelecidos por outros, de modo que, ao nascer, a criança encontra um mundo
de valores já estabelecidos, onde ela vai se situar. A língua que aprende, a
maneira de se alimentar, o jeito de se sentar, correr, brincar, o tom da voz
nas conversas, as relações familiares, tudo enfim, se acha codificado. Ate nas
emoções, que nos parece uma manifestação tão espontânea, ficamos à mercê de
regras que educam desde a infância a nossa expressão.
A cultura é portanto, um processo que caracteriza o ser
humano como Ser de mutação, de projeto, que se faz `a medida que transcende,
que ultrapassa a própria experiência.
Quando o filosofo francês contemporâneo Gusdorf
diz que “ o homem não é o que é, mas é o que não é” , não está fazendo
um jogo de palavras, porque o ser humano não se define por um modelo, por uma
aparência, nem é apenas o que as circunstancia fizeram dele. Define-se pelo
lançar-se no futuro, antecipando, por meio de projetos sua ação consciente
sobre o mundo. Não há caminho feito, mas a fazer, não há modelo de conduta, mas
processo continuo de criação de valores. Nada mais se apresenta como
absolutamente certo e inquestionável. Eis para o Ser Humano sua característica humana mais perfeita e
nobre: a capacidade de produzir sua própria história e de se tornar sujeito de
seus atos.
Segundo Apoluceno (2008) cultura se define como um lugar onde
se articulam os conflitos sociais e culturais, onde se atribuem diferentes
sentidos as coisas do mundo através do corpo, do imaginário, do simbólico, da
participação, da interação, da poesia e no cotidiano. Nela se constituem os
sujeitos e a sua identidade. E Carlos Brandão (2002) também contribui com a
alusão quando nos possibilita pensar assim “a cultura configura o mapa da própria
possibilidade da vida social. Ela não é econômica e nem o poder em si mesmos,
mas o cenário multifacetado e polissêmico em que uma coisa e a outra são
possíveis. Ela consiste tanto de valores e imaginários que representam o
patrimônio espiritual de um povo, quanto das negociações cotidianas através das
quais cada um de nós e todos nós tornamos a vida social possível e
significativa. Quando falamos de cultura erudita e de cultura popular, de
culturas indígenas, de culturas metropolitana, de cultura escolar ou de dilemas
da cultura pós-moderna, estamos apenas dando nomes diferentes a evidentes
diferenças de e entre pessoas através de suas culturas.” Sendo assim Brandão define cultura como um
processo e, ao mesmo tempo, o substrato de situação de enfrentamento e luta por
hegemonia, autonomia, domínio, resistência e, no limite – sobrevivência.
Depois dessa alusão sobre cultura e se a educação vier
despida de seus preconceitos, com capacidade suficiente não de segregar o
diferente, mas de acolher as diversidades culturais da Amazônia então poderemos
vislumbrar um salto qualitativo na educação dessa região tão rica
culturalmente.
Paula Fernanda M de Menezes.
Fascinating!!!
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