"...aprendi que aprender é conscientizar-se e que o desenvolvimento de nossa consciência social é o acréscimo de esperanças angustiantes, que o prazer do aprendizado se mescla com a dureza de uma realidade social triste e desesperada que se incorpora e constroi a consciência do mundo e da vida..." ( Ex-Senador Lauro Campos)

terça-feira, 27 de maio de 2014

Conceitos de um Contexto Revolucionário.


Espero poder contribuir organizando e compartilhando estes conceitos, tão necessários para nossa consciência e ação social. 

* Extraído do Livro Coleção abc - Dos conhecimentos sociais e políticos : O que é Revolução?
A.Sertsova; V. Chíchkina; L. Yákovleva.

Classe Operaria: uma das classes fundamentais da sociedade contemporânea, principal força motriz do processo histórico de transição do capitalismo para o socialismo e o comunismo. No capitalismo, a classe operaria (o proletariado) são os trabalhadores assalariados privados dos meios de produção que vivem da venda da sua força de trabalho e são explorados pelo capital.

Classes Sociais: grandes grupos de pessoas que se diferenciam entre si pelo seu lugar num sistema de produção social historicamente determinado, pela sua relação com os meios de produção, pelo seu papel na organização social do trabalho, e, consequentemente, pelo modo de obtenção e pelas dimensões da parte da riqueza social de que dispõem.

Contra – revolução:   luta da classe derrubada, ou que é derrubada pela revolução dirigida para a restauração ou conservação do regime social e estatal caduco.

Democracia Popular: forma de organização política da sociedade estabelecida em vários países da Europa e Ásia como resultado das revoluções populares dos anos 40 do século XX e que, no processo de transformação da revolução socialista, se converteu em forma de ditadura do proletariado.

Ditadura do proletariado: poder da classe operaria que se estabelece em resultado da revolução socialista e tem por objetivo a construção do socialismo e a passagem da sociedade para a edificação do comunismo. O princípio superior da ditadura do proletariado é a posição dirigente na sociedade e no Estado da classe operaria em aliança com os camponeses e outras forças democráticas.



Estado:  principal instrumento do poder político na sociedade de classes. Surgiu como resultado da divisão social do trabalho, do aparecimento da propriedade privada e da formação e da formação de classes antagônicas.

Evolução: no sentindo amplo, a noção sobre as mudanças na sociedade e na natureza, a sua direção, ordens e leis; o estado de um sistema considera-se como resultado das mudanças mais ou menos longas do seu estado anterior; no sentido restrito, noção sobre as mudanças quantitativas lentas e graduais em oposição a revolução.

Forças produtivas:  sistema de elementos subjetivos (homem) e materiais (meios de produção) que exprimem a atitude ativa dos homens para com a natureza: a exploração material e espiritual das suas riquezas, durante a qual se reproduzem as condições de existência do homem e ocorrer o processo do seu desenvolvimento.

Formação socioeconômica: sociedade numa determinada etapa de desenvolvimento histórico, tipo historicamente determinado de sociedade. A categoria “ formação socioeconômica” abrange todos os aspectos da vida social em sua interdependência orgânica. Cada formação socioeconômica assenta num determinado modo de produção, e as relações de produção constituem a sua essência; abrange também a superestrutura correspondente, tipo da família, condições de vida, etc.

Insurreição armada: ação armada de grupos ou classes contra o poder político. Um dos meios importantes da conquista do poder pela classe operária quando os meios pacíficos são impossíveis e as classes reacionárias recorrem à violência.

Luta de classes: lutas entre as classes cujo interesses são incompatíveis ou contrários; o conteúdo fundamental e a força motriz de todas as sociedades antagônicas (escravagistas, feudal e capitalista).

Marxismo-Leninismo: sistema cientifico de opiniões filosóficas, econômicas e sócio-políticas que constituem a concepção do mundo da classe operária; ciência sobre o conhecimento e a transformação revolucionária do mundo, sobre as leis do desenvolvimento da sociedade, a natureza e pensamento humano, sobre as leis da luta revolucionarias da classe operária e de todos os trabalhadores pelo derrube do capitalismo e a construção da sociedade socialista e comunista.

Meios de Produção: conjunto dos meios e objetos de trabalho utilizados pelos homens no processo de produção de bens materiais.


Modo de Produção:  modo historicamente determinado de obtenção dos bens materiais, unidade das forças produtivas e das relações de produção, base da formação socioeconômica. A substituição de modo de produção por outro ocorre por via revolucionária.


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Resumo do Livro Nós dizemos NÃO - Eduardo Galeano.

Discurso de inauguração do Encontro Internacional de Arte, Ciência e Cultura pela Democracia no Chile. Em Julho de 1988, em plena ditadura do General Pinochet.

“Dizemos não ao elogio do dinheiro e da morte. Dizemos não a um sistema que põe preço nas coisas e nas pessoas, onde quem mais tem é quem mais vale; dizemos não a um que destina dois milhões de Dolores para as armas de guerra, enquanto mata, por minuto, 30 crianças, de fome ou doença curável. No Brasil de hoje, destinamos bilhões as pompas do Carnaval, do Futebol, da corrupção... a bomba de nêutrons, que salva as coisas e aniquila as pessoas, é um perfeito símbolo do nosso tempo. Para o sistema assassino que em objetivos militares as estrelas da noite, o ser humano não é nada mais do que um fator de produção e consumo e objeto de uso; o tempo não é outra coisa que um recurso econômico; e o planeta inteiro, uma fonte de renda que deve render até a última gota de seu caldo.  A pobreza é multiplicada para que a riqueza possa se manter. Nós dizemos Não a um sistema que nega comida e nega amor, que condena muitos a fome de comida e muitos à fome de abraços.
Dizemos não à mentira. A cultura dominante, que os grandes meios de comunicação irradiam em escala universal, nos convida a confundir o mundo com um supermercado ou uma pista de corrida, onde o próximo pode ser uma mercadoria ou um competidor, mas jamais um irmão, ou companheiro profissional na luta por um ideal comum, por esse pensamento é que dificilmente vemos continuidade nos programas e projetos de governo, estamos sempre querendo provar que fazemos mais e melhor.  Essa cultura mentirosa, que grotescamente especula com o amor humano para arrancar-lhe mais-valia, é na realidade a cultura do desvinculo: tem por deuses os ganhadores, os exitosos donos do dinheiro e do poder, e por heróis os rambos fardados que cuidam de suas costas aplicando a Doutrina da Segurança Nacional. Pelo que diz e elo que cala, a cultura dominante mente que a pobreza dos pobres não é um resultado da riqueza dos ricos, mas que é filha de ninguém, vinda no bojo de uma couve-flor ou da vontade de Deus, que fez os pobres preguiçosos e burros.
[...] E neste estado de coisas, nós dizemos não à neutralidade da palavra humana. Dizemos não aos que nos convidam a lavar as mãos perante as cotidianas crucificações que ocorrem ao nosso redor. À aborrecida fascinação de uma arte fria, indiferente, contempladora do espelho, preferimos uma arte quente, que celebra a aventura humana no mundo e nela participa, uma arte irremediavelmente apaixonada e briguenta.(1988)

Julgamento e condenação do poderoso cavalheiro doutor dinheiro

“Todos pagam o que uns poucos gastam. Para poucos, a festa. Para todos os demais, a conta. Os lucros são privatizados, as bancarrotas são socializadas. O povo financia a repressão que o castiga e o esbanjamento que o atraiçoa.”
“através dos empréstimos, a tecnocracia impõe um modelo de desenvolvimento alheio às necessidades de cada país, que promove o consumo artificial e estimula um modo de vida importado, torra os recursos naturais, idolatra a moeda e despreza as pessoas e a terra.”

A obra de um fotografo brasileiro: Salgado em 17 imagens

“Na verdade, é difícil olhar estas figuras impunemente. Não imagino que alguém possa sacudir os ombros, virar a cabeça e afastar-se assoviando, cego e alheio, como se não tivesse visto nada.”
E fico a perguntar, quais as fotografias que vemos diariamente perante nossos olhos? O que nos mostra nossas esquina? O que vemos da janela do carro? do quarto? do ônibus? (Acréscimos meus).
“No chamado Terceiro Mundo, morrer de bala é ‘natural’. Do ponto de vista dos grandes meios de comunicação que incomunicam à humanidade, o Terceiro Mundo está habitado por gente de terceira classe, que só se distingue dos animais porque caminha sobre duas pernas. Seus problemas pertencem à natureza, não à história: a fome, a peste, a violência, integram a ordem natural das coisas.”

Cuba, trinta nãos depois: uma obra deste mundo.

Os visitantes honesto descobrem, na ilha, uma realidade alucinante e contraditória e muito terrenal. A revolução, feita de barro humano, não é obra de deuses infalíveis, nem de malignos satanases: ela é deste mundo e, por ser deste mundo, é também do mundo que virá.
A realidade desconcerta os que esperam encontrar um grande campo de concentração rodeado de palmeiras, um povo castigado, condenado ao medo eterno: é preciso muito preconceito para não sucumbir ao abraço deste povo carinhoso e reclamão, que se queixa e ri a viva voz e contagia de dignidade e frescor quem se aproximar. Qualquer um que não tenha teias de aranha nos olhos pode ver que as pessoas se expressam a todo vapor, e que é impossível dar um passo sem tropeçar em algum hospital ou alguma escola.
 Mas não se desconcertam menos os que comparecem a um encontro anunciado reino da perfeita felicidade: em cuba encontram lojas vazias, telefones impossíveis, transportes péssimos, uma imprensa que parece as vezes de outro planeta e uma burocracia que para cada solução tem um problema. A burocracia está empenhada em transformar a vida cotidiana das pessoas numa subida ao Gólgota.
[...] A burocracia, inimiga da esperança, desprestigia o socialismo. Sua assombrosa capacidade de ineficiência e seu costume de dar ordens em lugar de explicações fazem a indireta propaganda do egoísmo como destino inevitável do homem. Se fosse pela burocracia, os Estados socialistas seriam cada vez mais Estados e menos socialistas, o que equivale a reconhecer que a condição humana não merece nada melhor que o reino capitalista da cobiça.
Mas a justiça social não tem razão para ser inimiga da liberdade, nem da eficácia, e o socialismo enfrenta este tremendo desafio no mundo de nosso tempo.


Nós dizemos Não de Eduardo Galeano é um livro pequeno e bastante denso, faz uma denúncia social de forma poética. Apesar de ser um livro datado de 1990, o que tenho em mãos, percebi sua escrita atual, claro muitas coisas mudaram, o que não quero dizer para melhor, os diversos problemas sociais descritos no livro, mudaram apenas de nome, mas sua essência continua a mesma. O Fino fruto do sistema capitalista. 
 Paula Menezes.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Educação e Cultura para Amazônia.


Educação e Cultura para  Amazônia.

O escrito  foi um recorte dos autores abaixo citado.

Textos de Referência.

Ivanilde Apoluceno. Org – Cartografias Ribeirinhas Belém/PA, 2º edição. Eduepa, 2008.

Carlos Rodrigues Brandão – A educação como cultura – Campinas/SP, Mercados de Letras, 2002.

Maria Lucia de Arruda/Maria Helena P. Martins. Filosofando- Introdução a Filosofia.  São Paulo, 3º ed. Moderna , 2003



O mundo que resulta do pensar e do agir humano não pode ser chamado de natural, pois se encontra transformado e ampliado por nós. Portanto, as diferenças entre pessoas e animais não são apenas de grau, porque enquanto o animal permanece mergulhado na natureza, nós somos capazes de transforma-la tornando possível a cultura.
Em antropologia, cultura significa tudo que o ser humano produz ao construir sua existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais. Se o contato com o mundo é intermediado pelo símbolo como bem referência Carlos Brandão em seu texto “a educação como cultura”, a cultura é o conjunto de símbolos elaborados por um povo. Dada a infinita possibilidade humana de simbolizar, as culturas são múltiplas e variadas: inúmeras maneiras de pensar, de agir, de expressar anseios, temores e sentimentos em geral. Por isso mudam as formas de trabalhar, de se ocupar com o tempo livre, mudam as expressões artísticas e as maneiras de interpretar o mundo, tais como o mito, a filosofia ou a ciência.
O mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos por outros, de modo que, ao nascer, a criança encontra um mundo de valores já estabelecidos, onde ela vai se situar. A língua que aprende, a maneira de se alimentar, o jeito de se sentar, correr, brincar, o tom da voz nas conversas, as relações familiares, tudo enfim, se acha codificado. Ate nas emoções, que nos parece uma manifestação tão espontânea, ficamos à mercê de regras que educam desde a infância a nossa expressão.
A cultura é portanto, um processo que caracteriza o ser humano como Ser de mutação, de projeto, que se faz `a medida que transcende, que  ultrapassa a própria experiência. Quando o filosofo francês contemporâneo Gusdorf  diz que “ o homem não é o que é, mas é o que não é” , não está fazendo um jogo de palavras, porque o ser humano não se define por um modelo, por uma aparência, nem é apenas o que as circunstancia fizeram dele. Define-se pelo lançar-se no futuro, antecipando, por meio de projetos sua ação consciente sobre o mundo. Não há caminho feito, mas a fazer, não há modelo de conduta, mas processo continuo de criação de valores. Nada mais se apresenta como absolutamente certo e inquestionável. Eis para o Ser Humano  sua característica humana mais perfeita e nobre: a capacidade de produzir sua própria história e de se tornar sujeito de seus atos.
Segundo Apoluceno (2008) cultura se define como um lugar onde se articulam os conflitos sociais e culturais, onde se atribuem diferentes sentidos as coisas do mundo através do corpo, do imaginário, do simbólico, da participação, da interação, da poesia e no cotidiano. Nela se constituem os sujeitos e a sua identidade. E Carlos Brandão (2002) também contribui com a alusão quando nos possibilita pensar assim “a cultura configura o mapa da própria possibilidade da vida social. Ela não é econômica e nem o poder em si mesmos, mas o cenário multifacetado e polissêmico em que uma coisa e a outra são possíveis. Ela consiste tanto de valores e imaginários que representam o patrimônio espiritual de um povo, quanto das negociações cotidianas através das quais cada um de nós e todos nós tornamos a vida social possível e significativa. Quando falamos de cultura erudita e de cultura popular, de culturas indígenas, de culturas metropolitana, de cultura escolar ou de dilemas da cultura pós-moderna, estamos apenas dando nomes diferentes a evidentes diferenças de e entre pessoas através de suas culturas.”  Sendo assim Brandão define cultura como um processo e, ao mesmo tempo, o substrato de situação de enfrentamento e luta por hegemonia, autonomia, domínio, resistência e, no limite – sobrevivência.
Depois dessa alusão sobre cultura e se a educação vier despida de seus preconceitos, com capacidade suficiente não de segregar o diferente, mas de acolher as diversidades culturais da Amazônia então poderemos vislumbrar um salto qualitativo na educação dessa região tão rica culturalmente.
 
 
 
Paula Fernanda M de Menezes.