"...aprendi que aprender é conscientizar-se e que o desenvolvimento de nossa consciência social é o acréscimo de esperanças angustiantes, que o prazer do aprendizado se mescla com a dureza de uma realidade social triste e desesperada que se incorpora e constroi a consciência do mundo e da vida..." ( Ex-Senador Lauro Campos)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Analise de conjuntura

Uma Belissíma Analise de Conjuntura
Quando eu era criança, minha avó me contou a fabula dos cegos e o elefante.
Três cegos estavam diante do elefante
Um deles apalpou a cauda do animal e disse:
_ é uma corda.
Outro acariciou uma pata do elefante e opinou:
_ é uma coluna.
O terceiro cego apoiou a Mao no corpo do elefante e advinhou:
_ é uma parede.
Assim estamos: cegos de nós, cegos do mundo.
Desde que nascemos, somos treinados para não ver mais que pedacinhos.
A cultura dominante, cultura de desvinculo, quebra a história passada como quebra a realidade; e proíbe que o quebra cabeça seja armado.
Eduardo Galeano e analise do Professor Dr. Carlos Alberto Ferreira Lima.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Auto da Lusitania - Gil Vicente

Auto da Lusitânia
Quem nessa tragetória terreste nunca se deparou com alguem assim? quem nunca se viu num desses papéis?
então leia e divirta-se com essa belíssima e humorada peça teatral de Gil Vicente.
("Todo o Mundo" era um rico mercador, e "Ninguém", um homem pobre. Belzebu e Dinato tecem comentários espirituosos, fazem trocadilhos, procurando evidenciar temas ligados à verdade, à cobiça, à vaidade, à virtude e à honra dos homens.)

Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:
Ninguém: Que andas tu aí buscando?

Todo o Mundo:
Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.

Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?

Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.

Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.

Belzebu: Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.

Dinato: Que escreverei, companheiro?

Belzebu: Que Ninguém busca consciência.
e Todo o Mundo dinheiro.

Ninguém: E agora que buscas lá?

Todo o Mundo: Busco honra muito grande.

Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.

Belzebu: Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.

Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.

Ninguém: E eu quem me repreendesse
em cada cousa que errasse.

Belzebu: Escreve mais.

Dinato: Que tens sabido?

Belzebu: Que quer em extremo grado
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.

Ninguém: Buscas mais, amigo meu?

Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.

Ninguém: A vida não sei que é,
a morte conheço eu.

Belzebu: Escreve lá outra sorte.

Dinato: Que sorte?

Belzebu: Muito garrida:
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.

Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
sem mo Ninguém estorvar.

Ninguém: E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.

Belzebu: Escreve com muito aviso.

Dinato: Que escreverei?

Belzebu: Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.

Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.

Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.

Dinato: Quê?

Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.

Ninguém: Que mais buscas?

Todo o Mundo: Lisonjear.

Ninguém: Eu sou todo desengano.

Belzebu: Escreve, ande lá, mano.

Dinato: Que me mandas assentar?

Belzebu: Põe aí mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Trabalho Infantil: Vamos por fim!!!


O número de crianças e adolescentes que trabalham no país vem caindo nos últimos anos. Em 2009, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), havia 4,2 milhões de trabalhadores brasileiros com idade entre cinco e 17 anos, o que significa nível de ocupação de 9,8% do total das pessoas na faixa etária. Em 2008, esse número era de 4,4 milhões (10,2% do total). Segundo dados históricos da Pnad, desde 1995, o percentual de crianças ocupadas entre cinco a nove anos caiu de 3,2% para 0,8% do total. Já entre os trabalhadores de 10 a 14 anos, o percentual despencou de 18,7% para 6,9%. Dos adolescentes de 15 a 17 anos, a média caiu de 44% para 27,4%.
Mesmo com a redução em ritmo acelerado, o país ainda contabilizava, no último ano, 123 mil crianças de cinco a nove anos trabalhando –sendo 69% delas do sexo masculino. Entre 10 e 13 anos, esse número é de 785 mil, enquanto 3,3 milhões de trabalhadores tinham entre 14 e 17 anos.

Regiões
A Pnad mostra que há uma diferença considerável entre as regiões no que diz respeito ao trabalho infantil. O Nordeste concentrava 437 mil dos 908 mil trabalhadores entre cinco e 13 anos (48% do total). Já o Sudeste, com uma população 60% maior, tinha 182 mil. Apesar da liderança, o Nordeste foi a região que apresentou maior redução entre 2008 e 2009 nessa faixa etária, com a erradicação de 98 mil postos de trabalho infantil.
Os números da Pnad revelam ainda que os trabalhadores menores de 18 anos mantinham uma jornada de trabalho média de 26,3 horas semanais, com taxa de escolarização de 82,4%. A média de rendimento das crianças e adolescentes trabalhadores era de R$ 278, sendo que 30% deles não recebiam nenhuma contrapartida pelo trabalho oferecido. “A população ocupada de cinco a 13 anos de idade estava mais concentrada em pequenos empreendimentos familiares, sobretudo em atividade agrícola (57,5%). Aproximadamente 70,8% estava alocada em trabalho sem contrapartida de remuneração (não remunerados e trabalhadores para o próprio consumo ou na construção para o próprio uso)”, informa o texto base da pesquisa.

Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió

A reportagem acima mostra os índices “positivo” da redução do trabalho infantil, principalmente em algumas regiões, e não podemos deixar de lembrar que isso não se dá sem créditos, foram algumas medidas governamentais que fizeram com que esse quadro viesse a mudar, dessa forma, enquanto sociedade civil que somos podemos continuar cobrando essas políticas públicas para que esse quadro continue a diminuir e nossas crianças possam realmente comer,crescer, dormir e brincar...

CAMPANHA DO CFESS: Vamos Abraçar essa causa!!!

O Dia Mundial contra o Trabalho Infantil ficou registrado em 12 de junho.  A data, ocorrida neste domingo, foi definida em 2001 com o objetivo de marcar, em nível internacional, um fenômeno que, apesar de proibido em lei, se mantém como forma de violação de direitos de crianças e adolescentes.
O Relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em junho, com o título "Crianças em trabalhos perigosos: o que sabemos, o que precisamos fazer", informa que, das 215 milhões de crianças de todo o mundo que trabalham, 115 milhões exercem atividades consideradas perigosas (aquelas que são prejudiciais à saúde e à integridade física e psicológica). Por isso, o tema da campanha deste ano é a eliminação do trabalho infantil perigoso, parceria da OIT com o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e a Frente Parlamentar Mista dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente.

O QUE SABEMOS E PRECISAMOS SABER PARA QUE NOSSAS CRIANÇAS CANTEM...

É Bom Ser Criança
Composição : Toquinho
É bom ser criança,
Ter de todos atenção.                                                            
Da mamãe carinho,
Do papai a proteção.
É tão bom se divertir
E não ter que trabalhar.
Só comer, crescer, dormir, brincar.
É bom ser criança,
Isso às vezes nos convém.
Nós temos direitos
Que gente grande não tem.
Só brincar, brincar, brincar,
Sem pensar no boletim.
Bem que isso podia nunca mais ter fim.
É bom ser criança
E não ter que se preocupar
Com a conta no banco
Nem com filhos pra criar.
É tão bom não ter que ter
Prestações pra se pagar.
Só comer, crescer, dormir, brincar.
É bom ser criança,
Ter amigos de montão.
Fazer cross saltando,
Tirando as rodas do chão.
Soltar pipas lá no céu,
Deslizar sobre patins.
Bem que isso podia nunca mais ter fim.


    

Trabalho Infantil: Vamos por fim!!!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

LUTAR POR DIREITOS, ROMPER COM A DESIGUALDADE

LUTAR POR DIREITOS, ROMPER COM A DESIGUALDADE



O Serviço Social brasileiro realiza a Cam­panha Lutar por Direitos, Romper com a Desigualdade como forma de protes­to e indignação diante da barbárie capitalista que reitera a desigualdade social, e defende o fortalecimento dos movimentos sociais or­ganizados em defesa dos direitos da clas­se trabalhadora e de uma sociedade livre e emancipada. Esses são nossos compromis­sos éticos, teóricos, políticos e profissionais.

As desigualdades econômicas e sociais entre países “ricos” e “pobres” se agudizam nesse momento de crise. A especulação financeira vem transformando a sociedade em um grande cassino, sendo esta a característica mais mar­cante do mercado de capitais, e gerando gran­des transferências de capital ao sistema ban­cário, o que detonou a crise atual, comparável apenas à Grande Crise de 1929, e que ainda está longe de ser superada. Tais condições de reprodução material e das relações sociais no capitalismo contemporâneo têm profundos im­pactos na crescente e desigual repartição da ri­queza mundialmente produzida, já que os 20% mais ricos do mundo ficam com mais de 80% do PIB mundial, o que faz com que 1 bilhão e meio de seres huma­nos vivam em condição de mera sobrevivência.

Brasil: um país que não redistribui renda e riqueza

Texto retirado da Campanha Lutar por Direitos, Romper com a Desigualdade – CFESS Brasilia, Outubro de 2009. Gestão 2008/2011


Referendo tão grande desigualdade com esse belíssimo poema de Eduardo Galeano.
“As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.                                                         
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.” (Eduardo Galeano).
O enfrentamento e a ruptura com essa desigualdade estrutu­ral, reiterada e banalizada, só é possível com a superação da condição que produz essa desi­gualdade: a apropriação priva­da da riqueza socialmente pro­duzida. Por isso defendemos a univer­salização dos direitos como mediação na luta pela sociali­zação da riqueza e superação da desigualdade.
Texto Retirado da Campanha referida acima (CEFESS).

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Descontentamento.

DESCONTENTAMENTO

Quando

Para Edison Simon e Eduardo Galeano

E então como as nuvens passam
E os homens morrem
Assim tão simples entes e mentes
Nada mais significam


São engodos                         
Nódoas
Mágoas
Coisas esquecíveis.
Simples entes e mentes
Ignoráveis.

Acordamos um dia como noturnos.
Entre fuzís e coturnos nos definimos libertários.
Perdidos entre o bucólico e o alcóolico nos dizemos apaixonados.
Mas nada é tão burguês quanto ser socialista.

É o mesmo que dizer temos queijo, mas não para ratos.
Temos vinho, mas vista o terno. Saiba termos. Regras.
Silêncios. Discrições descritas nos index
do bem comum.
Nada tão hipócrita.

A mortalha me serve.                                                   
É rede feita de linho.                      
Simples.

O sol é lindo.
O sal não arde.
De amor fui feito,
por amor lutei.
E as nuvens passam...

Um dia há de contrários, mas não eternidades.
É preciso o impreciso de verdades.
Então morremos. E sabemos
com tranquilidade
que não há mais dor.
Nem precisamos de esperanças.
Em breves, como em vidas, não havemos mais
lembranças ou
esquecimentos.

Nada mais além
do firmamento.
Jodhi Segal

Gostaria de ter mais palavras, minhas, próprias, para expressar mais um descontentamento do real, não mudo de partido, por quê?  porque talvez minha esperança seja ainda aquela “a ultima que morre!” Acredito no partido mesmo depois de tantas mudanças e a quem me pergunte por quê? Talvez pela concepção do que seja Partido, diferente do que é Governo. (Definição para outra postagem).
Que a força do medo que tenho
 Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.” (O. Montenegro)



Sistema de produção capitalista, cuja influência torna toda uma estrutura social contraditoria, uma sociedade alheia, um gorverno corrompido, uma ética sem credito, uma moral sem valor. Queria encontrar lugar para a minha filosofia, sei que não encontrarei e sei também que ela ficará no mundo das palavras ( utopia )...

"A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."
(Eduardo Galeano)

...como deve estar a filosofia de todos que acreditam que um Outro Mundo é Possivel. Escrevo como com a minha razão um Descontentamento, mas não uma desesperança. E acreditem ainda assim “prefiro o otimismo da vontade ao pessimismo da razão.” (Gramsci).