"...aprendi que aprender é conscientizar-se e que o desenvolvimento de nossa consciência social é o acréscimo de esperanças angustiantes, que o prazer do aprendizado se mescla com a dureza de uma realidade social triste e desesperada que se incorpora e constroi a consciência do mundo e da vida..." ( Ex-Senador Lauro Campos)

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Sociedade Ativa e Vida Contemplativa

Sociedade Ativa e Vida Contemplativa

Mediante uma sociedade ativa, onde todos transitam pra lá e pra cá, fazem isso e aquilo, projetam tal e tais ideias, inovam sempre e com total rapidez, professam que "tempo é dinheiro", não que toda essa rapidez seja um problema, mas a falta de equilíbrio sobre esse comportamento é uma das causas de adoecimento. A vida contemplativa segundo Byung Han pressupõe uma pedagogia especifica do ver. Aprender a ver  significa, segundo Nietzsche" habituar o olho ao descanso, a paciência, ao deixar aproximar-se-de-si", isto é,capacitar o olho a uma atenção profunda e contemplativa, a um olhar demorado e lento. Esse aprender-a-ver seria a " primeira pré escolarização para o caráter do espirito"(Geistigkeit). Temos de aprender a " não reagir imediatamente a um estimulo, mas tomar o controle dos instintos inibitórios, limitativos". Reagir de imediato e seguir a todo e qualquer impulso já seria uma doença, uma decadência, um sintoma de esgotamento. Aqui, Nietzsche nada mais propõe que a revitalização da Vita contemplativa. Essa vida não é um abrir-se passivo que diz  SIM a tudo que advém e acontece. Ao contrario, ela oferece resistência aos estímulos opressivos, intrusivos. Em vez de expor o olhar aos impulsos exteriores, ela os dirige soberanamente. enquanto um fazer soberano, que sabe dizer NÃO, é  mais ativa que qualquer hiperatividade, que é precisamente um sintoma de esgotamento espiritual. Texto Retirado do Livro Sociedade do Cansaço.



É uma ilusão acreditar que quanto mais ativos nos tornamos tanto mais livres seríamos
Vale muitíssimo  refletir sobre!!! Qual a filosofia que rege meu comportamento? minha vida? minhas relações sociais?

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Trabalho e Adoecimento

Partindo da analise de uma sociedade que trabalha e do Trabalho, onde o mesmo é ponto de referencia para da partida e da chegada "eu preciso de um trabalho para ser...feliz, bem sucedido, etc...porque eu sou bem sucedido, feliz eu preciso do trabalho." Grifos meus. Cabem aqui as palavras de NIETZSCHE: " Por falta de repouso nossa civilização caminha para uma nova barbárie. Em nenhuma outra época os ativos valeram tanto. Assim, pertence ás correções necessárias a serem tomadas quanto ao caráter da humanidade fortalecer em grande medida o elemento contemplativo".
Segundo BYUNG CHUL HAN em seu livro a Sociedade do Cansaço - A sociedade caminha para um adoecimento Neural - A Depressão é o adoecimento de uma sociedade que sofre sob o excesso de positividade. Reflete aquela humanidade que esta em guerra consigo mesma. O sujeito de desempenho está livre da instancia externa de domínio que o obriga a trabalhar ou que poderia explora-lo. É senhor e soberano de si mesmo (o individuo torna-se oprimido e opressor de si), É nisso que ele se distingue do sujeito de obediência. A queda da instancia dominadora não leva a liberdade.  Ao contrario, faz com que liberdade e coação coincidam. Assim, o sujeito de desempenho se entrega à liberdade coercitiva ou à livre coerção de maximizar o desempenho.
O excesso de trabalho e desempenho agudiza-se numa autoexploracão. Essa é mais eficiente que uma exploração do outro, pois caminha de mãos dadas com o sentimento de liberdade. O explorador é ao mesmo tempo o explorado. Agressor e vitima não podem mais ser distinguido. Essa autorreferencialidade gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercitivas que lhe são inerentes, se transforma em violência. Os adoecimentos psiquicos da sociedade de desempenho são precisamente as manifestações patológicas dessa liberdade paradoxal.