"...aprendi que aprender é conscientizar-se e que o desenvolvimento de nossa consciência social é o acréscimo de esperanças angustiantes, que o prazer do aprendizado se mescla com a dureza de uma realidade social triste e desesperada que se incorpora e constroi a consciência do mundo e da vida..." ( Ex-Senador Lauro Campos)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Para além do Capital e sua Lógica destrutiva

Para além do capital e de sua lógica destrutiva
Resenha
Por RICARDO ANTUNES
Prof. Titular de Sociologia do IFCH/UNICAMP, autor de Os Sentidos do Trabalho (Boitempo) e Adeus ao Trabalho? (Cortez/Ed. da Unicamp), dentre outros títulos



Para além do capital tornou-se, no entanto, o seu livro de maior envergadura e se configura como uma das mais agudas reflexões críticas sobre o capital em suas formas, engrenagens e mecanismos de funcionamento sociometabólico, condensando mais de duas décadas de intenso trabalho intelectual. Mészáros empreende uma demolidora crítica do capital e realiza uma das mais instigantes, provocativas e densas reflexões sobre a sociabilidade contemporânea e a lógica que a preside.
Como um dos eixos centrais de sua interpretação particular do fenômeno, Mészáros considera capital e capitalismo como fenômenos distintos. A identificação conceitual entre ambos fez com que todas as experiências revolucionárias vivenciadas no século passado, desde a Revolução Russa até as tentativas mais recentes de constituição societal socialista, se revelassem incapacitadas para superar o “sistema de sociometabolismo do capital”, isto é, o complexo caracterizado pela divisão hieráquica do trabalho, que subordina suas funções vitais ao capital. O capital antecede ao capitalismo e é a ele também posterior. O capitalismo, por sua vez, é uma das formas possíveis de realização do capital, uma de suas variantes históricas, como ocorre na fase caracterizada pela subsunção real do trabalho ao capital. Assim como existia capital antes da generalização do sistema produtor de mercadorias, do mesmo modo pode-se presenciar a continuidade do capital após o capitalismo, pela constituição daquilo que Mészáros denomina como “sistema de capital pós-capitalista”, que teve vigência na URSS e demais países do Leste Europeu, durante várias décadas do século XX. Estes países, embora tivessem uma configuração pós-capitalista, foram incapazes de romper com o sistema de sociometabolismo do capital.
O capital é, portanto, um sistema poderoso e abrangente, tendo seu núcleo constitutivo formado pelo tripé capital, trabalho e Estado, sendo que estas três dimensões fundamentais são materialmente constituídas e inter-relacionadas, sendo impossível supera-lo sem a eliminação do conjunto dos elementos que compreende esse sistema. Sendo um sistema que não tem limites para a sua expansão (ao contrário dos modos de organização societal anteriores, que buscavam em alguma medida o atendimento das necessidades sociais), o sistema de sociometabolismo do capital torná-se no limite incontrolável. Fracassaram, na busca de controlá-lo, tanto as inúmeras tentativas efetivadas pela social-democracia, quanto a alternativa de tipo soviético, uma vez que ambas acabaram seguindo o que Mészáros denomina de linha de menor resistência do capital.
Mészáros demonstra como essa lógica incontrolável torna o sistema do capital essencialmente destrutivo. Essa tendência, que se acentuou no capitalismo contemporâneo, leva o autor a desenvolver a tese, central em sua análise, da taxa de utilização decrescente do valor de uso das coisas. O capital não trata valor de uso e valor de troca como separados, mas de um modo que subordina radicalmente o primeiro ao último. O que significa que uma mercadoria pode variar de um extremo a outro, isto é, desde ter seu valor de uso realizado, num extremo da escala, até jamais ser usada, no outro extremo, sem por isso deixar de ter, para o capital, a sua utilidade expansionista e reprodutiva. E esta tendência decrescente do valor de uso das mercadorias, ao reduzir sua vida útil e desse modo agilizar o ciclo reprodutivo, tem se constituído num dos principais mecanismos pelo qual o capital vem atingindo seu incomensurável crescimento ao longo da história.
E quanto mais aumentam a competitividade e concorrência intercapitais, mais nefastas são suas conseqüências, das quais duas são particularmente graves: a destruição e/ou precarização, sem paralelos em toda a era moderna, da força humana que trabalha e a degradação crescente do meio ambiente, na relação metabólica entre homem, tecnologia e natureza, conduzida pela lógica societal subordinada aos parâmetros do capital e do sistema produtor de mercadorias.
Expansionista, destrutivo e, no limite, incontrolável, o capital assume cada vez mais a forma de uma crise endêmica, crônica e permanente, com a irresolubilidade de sua crise estrutural fazendo emergir, na sua linha de tendência já visível, o espectro da destruição global da humanidade, sendo que a única forma de evitá-la é colocar em pauta a atualidade histórica da alternativa societal socialista. Os episódios ocorridos em 11 de setembro e seus desdobramentos são exemplares dessa tendência destrutiva.
Emerge aqui outro conjunto central de teses na obra de Mészáros, com forte significado político: a ruptura radical com o sistema de sociometabolismo do capital (e não somente com o capitalismo) é, por sua própria natureza, global e universal, sendo impossível sua efetivação no âmbito da tese do socialismo num só país. Além disso, como a lógica do capital estrutura seu sociometabolismo e seu sistema de controle no âmbito extraparlamentar, qualquer tentativa de superar este sistema que se restrinja à esfera institucional está impossibilitada de derrotá-lo. Só um vasto movimento de massas radical e extraparlamentar pode ser capaz de destruir o sistema de domínio social do capital. Conseqüentemente, o processo de auto-emancipação do trabalho não pode restringir-se ao âmbito da política. Isto porque o Estado moderno é entendido por Mészáros como uma estrutura política compreensiva de mando do capital, um pré-requisito para a conversão do capital num sistema dotado de viabilidade para a sua reprodução, expressando um momento constitutivo da própria materialidade do capital.
Solda-se, então, um nexo fundamental: o Estado moderno é inconcebível sem o capital, que é o seu real fundamento, e o capital, por sua vez, precisa do Estado como seu complemento necessário. A crítica à política e ao Estado desdobra-se em crítica aos sindicatos e aos partidos, colocando o grande desafio de forjar novas formas de atuação capazes de articular intimamente as lutas sociais, eliminando a separação entre ação econômica e ação político-parlamentar.
Pode-se discordar de muitas de suas teses, quer pelo seu caráter contundente, quer pela sua enorme amplitude, abrangência e mesmo ambição – que por certo gerarão muita controvérsia e polêmica. Mas esse livro, já publicado em diversos países, é, neste início de século, o desenho crítico e analítico mais ousado contra o capital e suas formas de controle social, num momento em que aparecem vários sintomas de retomada de um pensamento vigoroso e radical. A síntese de Mészáros, inspirada decisivamente em Marx, mas tributária também de Lukács e da radicalidade crítica de Rosa Luxemburgo, resulta num trabalho original, indispensável, que devassa o passado recente e o nosso presente, oferecendo um manancial de ferramentas para aqueles que estão olhando para o futuro. Para além do capital.
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Sobre o autor:
István Mészáros é um renomado filósofo húngaro que colaborou diretamente com Luckács junto à Universidade de Budapeste nos anos que antecederam à intervenção soviética na Hungria, em 1956. Posteriormente, radicou-se na Inglaterra, junto à Universidade de Sussex, onde aposentou-se recentemente. Sua produção é vasta e significativa,  tendo vários livros publicados em diversas línguas e também em espanhol e em português: Aspectos de la historia y la consciencia de clase, UNAM, México, 1973; La teoria de la enajenación en Marx, Ediciones Era, México, 1978; Marx: A Teoria da Alienação, 1981; El pensamiento y la obra de Georg Lukács, Editorial Fontanamara, Barcelona, 1981; A necessidade do controle social,  1987; Produção destrutiva e estado capitalista, Cadernos Ensaio, São Paulo, 1989; A obra de Sartre: Busca da Liberdade, 1991; Filosofia, ideologia e ciência social, 1993; O poder da ideologia, 1996.  

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Somos um País de Analfabetos

Somos um País de Analfabetos.

"A verdadeira democracia tem de oferecer
a todos o direito de saber ler e escrever,
pensar, questionar e escolher"

Segundo pesquisa do confiável IBGE, estamos num vergonhoso lugar entre os países da América Latina, no que diz respeito à alfabetização. O que nos faltou e tanto nos falta ainda? Posso dizer que tem sobrado ufanismo. Não somos os melhores, não somos invulneráveis, somos um país emergente, com riquezas ainda nem descobertas, outras mal administradas. Somos um povo resistente e forte, capaz de uma alegria e fraternidade que as quadrilhas, o narcotráfico e a assustadora violência atuais não diminuem. Um povo com uma rara capacidade de improvisação positiva, esperança e honradez.
O sonho de morar fora daqui para escapar não vale. Na velha e sisuda Europa não há um sol como este. Recordo meu espanto na primeira estada por lá, num verão, vendo o sol oblíquo e pálido. Lá não se ri, não se abraça como aqui. Eles trabalham mais e ganham mais, é verdade. A pobreza por lá é menos pobre porque, se fosse miserável, morreriam todos de frio na primeira nevasca. O salário-desemprego é tão bom que, infelizmente, muitos decidem viver só com ele: o mercado de trabalho lá também é cruel, e com os estrangeiros, nem se fala. Em muitas coisas somos muito melhores.
Mas somos um país analfabeto. Alfabetizado não é, já disse e escrevo freqüentemente, aquele que assina seu nome, mas quem assina um documento que leu e compreendeu. A verdadeira democracia tem de oferecer a todos esse direito, pois ler e escrever, como pensar, questionar e escolher, é um direito. É questão de dignidade. Quando eu era professora universitária, na década de 70, já recebíamos nas faculdades vários alunos que mal conseguiam escrever uma frase e expor um pensamento claro. "Eu sei, mas não sei dizer nem escrever isso" é uma desculpa pobre. Não preciso ser intelectual, mas devo poder redigir ao menos um breve texto decente e claro. Preciso ser bem alfabetizado, isto é, usar meu instrumento de expressão completo, falado e escrito, dentro do meu nível de vida e do nível de vida do meu grupo.
Para isso, é essencial uma boa escola desde os primeiros anos, dever inarredável do estado. Não me digam que todas as comunidades têm escolas e que estas têm o necessário para um ensino razoável, para que até o mais pobre e esquecido no mais esquecido e pobre recanto possa se tornar um cidadão inteiro e digno, com acesso à leitura e à escrita, isto é, à informação. Um sujeito capaz de fazer boas escolhas de vida, pronto para se sustentar e que, na grave hora de votar, sabe o que está fazendo. Enquanto alardeamos façanhas, descobertas, ganhos e crescimento econômico, a situação nesse campo está cada vez pior. Muito menos pessoas se alfabetizam de verdade; dos poucos que chegam ao 2º grau e dos pouquíssimos que vão à universidade, muitos não saem de lá realmente formados. Entram na profissão incapazes de produzir um breve texto claro. São desinteressados da leitura, mal falam direito. Não conseguem se informar nem questionar o mundo. Pouco lhes foi dado, pouquíssimo lhes foi exigido.
A única saída para tamanha calamidade está no maior interesse pelo que há de mais importante num país: a educação. E isso só vai começar quando lhe derem os maiores orçamentos. Assim se mudará o Brasil, o resto é conversa fiada. Investir nisso significa criar mais oportunidades de trabalho: muito mais gente capacitada a obter salário decente. Significa saúde: gente mais bem informada não adoece por ignorância, isolamento e falta de higiene. Se ao estado cabe nos ajudar a ser capazes de saber, entender, questionar e escolher nossa vida, é nas famílias, quando podem comprar livros, que tudo começa. "Quantos livros você tem em casa, quantos leu este mês? E jornal?", pergunto, quando me dizem que os filhos não gostam de ler. Família tem a ver com moralidade, atenção e afeto, mas também com a necessária instrumentação para o filho assumir um lugar decente no mundo. Nascemos nela, nela vivemos. Mas com ela também fazemos parte de um país que nos deve, a todos, uma educação ótima. Ela trará consigo muito de tudo aquilo que nos falta.
Lya Luft

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Homens ou Maquinas - Antonio Gramsci

EM 24 DE DEZEMBRO DE 1916

A breve discussão ocorrida na última reunião entre os nossos companheiros e alguns representantes da maioria a propósito dos programas para o ensino profissional merece ser comentada, ainda que de forma breve e resumida. A observação do companheiro Zini (“A corrente humanística e a profissional ainda chocam-se no campo do ensino popular: ocorre tentar fundi-las, mas não se deve esquecer que antes do operário existe o homem, ao qual não deve ser retirada a possibilidade de movimento nos mais amplos horizontes do espírito para submetê-lo subitamente à máquina”) e os protestos do vereador Sincero contra a filosofia (a filosofia encontra especialmente adversários quando afirma verdades que ferem os interesses particulares) não são simples episódios polêmicos contingentes: são conflitos necessários entre quem representa princípios fundamentalmente diversos.
1. O nosso partido ainda não se pronunciou sobre um programa escolar concreto que se diferencie dos tradicionais. Contentamo-nos, até agora, em afirmar o princípio geral da cultura, seja elementar, profissional ou superior, e desenvolvemos este princípio, o difundido com vigor e energia. Podemos afirmar que a diminuição do analfabetismo na Itália não se deve tanto às leis sobre o ensino obrigatório quanto à vida espiritual, ao sentimento de certas determinações necessárias à vida interior, que a propaganda socialista soube suscitar nos estratos proletários do povo italiano. Mas não fomos mais do que isso. Na Itália, a escola continua a ser um organismo francamente burguês, no pior sentido da palavra. A escola média e superior, que é do Estado, isto é, paga com receitas gerais, e, portanto, também com os impostos diretos pagos pelo proletariado, não pode ser freqüentada a não ser pelos jovens filhos da burguesia, que gozam de independência econômica necessária para a tranqüilidade dos estudos. Um proletário, ainda que inteligente, ainda que possua todos meios necessários para tornar-se homem de cultura, é constrangido a estragar suas qualidades em atividades diversas, ou a se transformar num obstinado, um autodidata, isto é (com as devidas exceções), um meio homem, um homem que não pode dar tudo o que poderia caso tivesse se completado e fortalecido na disciplina da escola. A cultura é um privilégio. A escola é um privilégio. E nós não queremos que seja assim. Todos os jovens deveriam ser iguais diante da cultura. O Estado não deve pagar, com o dinheiro de todos, também para os filhos medíocres e idiotas dos ricos, ao passo que exclui os filhos inteligentes e capazes dos proletários. A escola média e superior deve ser feita somente por aqueles sabem demonstrar que são dignos delas. Se é do interesse geral que ela exista e seja mantida e regulada pelo Estado, é também do interesse geral que possam ter acesso a ela todos os que são inteligentes, qualquer que seja sua potencialidade econômica. O sacrifício da coletividade somente é justificado quando é usado em benefício de quem o merece. O sacrifício da coletividade, por isso, deve servir especialmente para dar aos que merecem aquela independência econômica que é necessária para poder dedicar tranquilamente o próprio tempo ao estudo e poder estudar seriamente.
2. O proletariado, que está excluído das escolas de cultura média e superior por causa das atuais condições da sociedade, que determinam certa especialização nos homens – antinatural, já que não baseada na diferença de capacidades e, portanto, destruidora e prejudicial à produção – tem de ingressar nas escolas paralelas: técnicas e profissionais. Estas, instituídas com critérios democráticos pelo ministro Casati, sofreram, em face das necessidades antidemocráticas do balanço estatal, uma transformação que, em grande parte, as desnaturou. São, de agora em diante, em grande parte, uma repetição inútil das escolas clássicas, bem como um inocente desaguadouro para o empreguismo pequeno-burguês. As taxas de matrícula em contínua ascensão, assim como as possibilidades concretas que dão para a vida prática, fizeram também delas um privilégio e, de resto, o proletariado é excluído, automaticamente e em sua grande maioria, por causa da vida incerta e aleatória que o assalariado é obrigado a viver; vida que, seguramente, não é a mais propícia para seguir com proveito um curso de estudos.
3. O proletariado necessita de uma escola desinteressada. Uma escola que seja dada ao menino a possibilidade de formar-se, de tornar-se um homem, de adquirir aqueles critérios gerais que servem para o desenvolvimento do caráter. Em suma, uma escola humanista, como entendiam os antigos e, mais recentemente, os homens do Renascimento. Uma escola que não hipoteque o futuro do menino e constrinja sua vontade, sua inteligência, sua consciência em formação a mover-se num sentido cujo objetivo seja prefixado. Uma escola de liberdade e de livre iniciativa, não uma escola de escravidão e de orientação mecânica. Também os filhos dos proletários devem possuir diante de si todas as possibilidades, todos os campos livres para poder realizar sua própria individualidade da melhor forma e, por isso, do modo mais produtivo para eles e para a coletividade. A escola profissional não deve se transformar numa incubadora de pequenos monstros aridamente instruídos para um ofício, sem idéias gerais, sem alma, mas apenas com olho infalível e mão firme. Também através da cultura profissional é possível fazer brotar do menino um homem; desde que essa cultura seja educativa e não só informativa, ou não só prática e manual. O vereador Sincero, que é um industrial, é um burguês demasiadamente mesquinho quando protesta contra a filosofia.
É certo que, para os industriais mesquinhamente burgueses, pode ser mais útil ter operários-máquinas em vez de operários-homens. Mas os sacrifícios ao qual toda a coletividade se submete voluntariamente, a fim de melhorar a si mesma e fazer nascer do seu seio os melhores e mais perfeitos homens, que a elevem ainda mais, devem repercutir beneficamente sobre toda a coletividade e não só sobre uma categoria ou uma classe.
É um problema de direito e de força. E o proletariado deve estar alerta, para não sofrer um novo abuso, além dos tantos que já sofre.

Que esse texto nos faça refletir se realmente algo mudou em nossa consciencia sobre Educação, Formação... educados e formados para sermos humanos ou maquinas? A educaçao serve a quem hoje? privilegio ou direito universal?.


Primeira Edição:Avanti!”, ano XX, n.351, 24 de dezembro de 1916.
Fonte: GRAMSCI, Antonio. Cronache Torinesi (1913 – 1917). Torino: Einaudi, 1980. (A cura di Sergio Caprioglio). pp. 669 – 671.
Tradução: Thiago Chagas Oliveira para o
Marxists Internet Archive.
HTML:
Fernando A. S. Araújo, Junho 2007.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.


quinta-feira, 30 de junho de 2011

Analise de conjuntura

Uma Belissíma Analise de Conjuntura
Quando eu era criança, minha avó me contou a fabula dos cegos e o elefante.
Três cegos estavam diante do elefante
Um deles apalpou a cauda do animal e disse:
_ é uma corda.
Outro acariciou uma pata do elefante e opinou:
_ é uma coluna.
O terceiro cego apoiou a Mao no corpo do elefante e advinhou:
_ é uma parede.
Assim estamos: cegos de nós, cegos do mundo.
Desde que nascemos, somos treinados para não ver mais que pedacinhos.
A cultura dominante, cultura de desvinculo, quebra a história passada como quebra a realidade; e proíbe que o quebra cabeça seja armado.
Eduardo Galeano e analise do Professor Dr. Carlos Alberto Ferreira Lima.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Auto da Lusitania - Gil Vicente

Auto da Lusitânia
Quem nessa tragetória terreste nunca se deparou com alguem assim? quem nunca se viu num desses papéis?
então leia e divirta-se com essa belíssima e humorada peça teatral de Gil Vicente.
("Todo o Mundo" era um rico mercador, e "Ninguém", um homem pobre. Belzebu e Dinato tecem comentários espirituosos, fazem trocadilhos, procurando evidenciar temas ligados à verdade, à cobiça, à vaidade, à virtude e à honra dos homens.)

Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:
Ninguém: Que andas tu aí buscando?

Todo o Mundo:
Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.

Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?

Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.

Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.

Belzebu: Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.

Dinato: Que escreverei, companheiro?

Belzebu: Que Ninguém busca consciência.
e Todo o Mundo dinheiro.

Ninguém: E agora que buscas lá?

Todo o Mundo: Busco honra muito grande.

Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.

Belzebu: Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.

Ninguém: Buscas outro mor bem qu'esse?

Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.

Ninguém: E eu quem me repreendesse
em cada cousa que errasse.

Belzebu: Escreve mais.

Dinato: Que tens sabido?

Belzebu: Que quer em extremo grado
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.

Ninguém: Buscas mais, amigo meu?

Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.

Ninguém: A vida não sei que é,
a morte conheço eu.

Belzebu: Escreve lá outra sorte.

Dinato: Que sorte?

Belzebu: Muito garrida:
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.

Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
sem mo Ninguém estorvar.

Ninguém: E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.

Belzebu: Escreve com muito aviso.

Dinato: Que escreverei?

Belzebu: Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.

Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.

Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.

Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.

Dinato: Quê?

Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.

Ninguém: Que mais buscas?

Todo o Mundo: Lisonjear.

Ninguém: Eu sou todo desengano.

Belzebu: Escreve, ande lá, mano.

Dinato: Que me mandas assentar?

Belzebu: Põe aí mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Trabalho Infantil: Vamos por fim!!!


O número de crianças e adolescentes que trabalham no país vem caindo nos últimos anos. Em 2009, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), havia 4,2 milhões de trabalhadores brasileiros com idade entre cinco e 17 anos, o que significa nível de ocupação de 9,8% do total das pessoas na faixa etária. Em 2008, esse número era de 4,4 milhões (10,2% do total). Segundo dados históricos da Pnad, desde 1995, o percentual de crianças ocupadas entre cinco a nove anos caiu de 3,2% para 0,8% do total. Já entre os trabalhadores de 10 a 14 anos, o percentual despencou de 18,7% para 6,9%. Dos adolescentes de 15 a 17 anos, a média caiu de 44% para 27,4%.
Mesmo com a redução em ritmo acelerado, o país ainda contabilizava, no último ano, 123 mil crianças de cinco a nove anos trabalhando –sendo 69% delas do sexo masculino. Entre 10 e 13 anos, esse número é de 785 mil, enquanto 3,3 milhões de trabalhadores tinham entre 14 e 17 anos.

Regiões
A Pnad mostra que há uma diferença considerável entre as regiões no que diz respeito ao trabalho infantil. O Nordeste concentrava 437 mil dos 908 mil trabalhadores entre cinco e 13 anos (48% do total). Já o Sudeste, com uma população 60% maior, tinha 182 mil. Apesar da liderança, o Nordeste foi a região que apresentou maior redução entre 2008 e 2009 nessa faixa etária, com a erradicação de 98 mil postos de trabalho infantil.
Os números da Pnad revelam ainda que os trabalhadores menores de 18 anos mantinham uma jornada de trabalho média de 26,3 horas semanais, com taxa de escolarização de 82,4%. A média de rendimento das crianças e adolescentes trabalhadores era de R$ 278, sendo que 30% deles não recebiam nenhuma contrapartida pelo trabalho oferecido. “A população ocupada de cinco a 13 anos de idade estava mais concentrada em pequenos empreendimentos familiares, sobretudo em atividade agrícola (57,5%). Aproximadamente 70,8% estava alocada em trabalho sem contrapartida de remuneração (não remunerados e trabalhadores para o próprio consumo ou na construção para o próprio uso)”, informa o texto base da pesquisa.

Carlos Madeiro
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió

A reportagem acima mostra os índices “positivo” da redução do trabalho infantil, principalmente em algumas regiões, e não podemos deixar de lembrar que isso não se dá sem créditos, foram algumas medidas governamentais que fizeram com que esse quadro viesse a mudar, dessa forma, enquanto sociedade civil que somos podemos continuar cobrando essas políticas públicas para que esse quadro continue a diminuir e nossas crianças possam realmente comer,crescer, dormir e brincar...

CAMPANHA DO CFESS: Vamos Abraçar essa causa!!!

O Dia Mundial contra o Trabalho Infantil ficou registrado em 12 de junho.  A data, ocorrida neste domingo, foi definida em 2001 com o objetivo de marcar, em nível internacional, um fenômeno que, apesar de proibido em lei, se mantém como forma de violação de direitos de crianças e adolescentes.
O Relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em junho, com o título "Crianças em trabalhos perigosos: o que sabemos, o que precisamos fazer", informa que, das 215 milhões de crianças de todo o mundo que trabalham, 115 milhões exercem atividades consideradas perigosas (aquelas que são prejudiciais à saúde e à integridade física e psicológica). Por isso, o tema da campanha deste ano é a eliminação do trabalho infantil perigoso, parceria da OIT com o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e a Frente Parlamentar Mista dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente.

O QUE SABEMOS E PRECISAMOS SABER PARA QUE NOSSAS CRIANÇAS CANTEM...

É Bom Ser Criança
Composição : Toquinho
É bom ser criança,
Ter de todos atenção.                                                            
Da mamãe carinho,
Do papai a proteção.
É tão bom se divertir
E não ter que trabalhar.
Só comer, crescer, dormir, brincar.
É bom ser criança,
Isso às vezes nos convém.
Nós temos direitos
Que gente grande não tem.
Só brincar, brincar, brincar,
Sem pensar no boletim.
Bem que isso podia nunca mais ter fim.
É bom ser criança
E não ter que se preocupar
Com a conta no banco
Nem com filhos pra criar.
É tão bom não ter que ter
Prestações pra se pagar.
Só comer, crescer, dormir, brincar.
É bom ser criança,
Ter amigos de montão.
Fazer cross saltando,
Tirando as rodas do chão.
Soltar pipas lá no céu,
Deslizar sobre patins.
Bem que isso podia nunca mais ter fim.


    

Trabalho Infantil: Vamos por fim!!!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

LUTAR POR DIREITOS, ROMPER COM A DESIGUALDADE

LUTAR POR DIREITOS, ROMPER COM A DESIGUALDADE



O Serviço Social brasileiro realiza a Cam­panha Lutar por Direitos, Romper com a Desigualdade como forma de protes­to e indignação diante da barbárie capitalista que reitera a desigualdade social, e defende o fortalecimento dos movimentos sociais or­ganizados em defesa dos direitos da clas­se trabalhadora e de uma sociedade livre e emancipada. Esses são nossos compromis­sos éticos, teóricos, políticos e profissionais.

As desigualdades econômicas e sociais entre países “ricos” e “pobres” se agudizam nesse momento de crise. A especulação financeira vem transformando a sociedade em um grande cassino, sendo esta a característica mais mar­cante do mercado de capitais, e gerando gran­des transferências de capital ao sistema ban­cário, o que detonou a crise atual, comparável apenas à Grande Crise de 1929, e que ainda está longe de ser superada. Tais condições de reprodução material e das relações sociais no capitalismo contemporâneo têm profundos im­pactos na crescente e desigual repartição da ri­queza mundialmente produzida, já que os 20% mais ricos do mundo ficam com mais de 80% do PIB mundial, o que faz com que 1 bilhão e meio de seres huma­nos vivam em condição de mera sobrevivência.

Brasil: um país que não redistribui renda e riqueza

Texto retirado da Campanha Lutar por Direitos, Romper com a Desigualdade – CFESS Brasilia, Outubro de 2009. Gestão 2008/2011


Referendo tão grande desigualdade com esse belíssimo poema de Eduardo Galeano.
“As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.                                                         
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.” (Eduardo Galeano).
O enfrentamento e a ruptura com essa desigualdade estrutu­ral, reiterada e banalizada, só é possível com a superação da condição que produz essa desi­gualdade: a apropriação priva­da da riqueza socialmente pro­duzida. Por isso defendemos a univer­salização dos direitos como mediação na luta pela sociali­zação da riqueza e superação da desigualdade.
Texto Retirado da Campanha referida acima (CEFESS).

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Descontentamento.

DESCONTENTAMENTO

Quando

Para Edison Simon e Eduardo Galeano

E então como as nuvens passam
E os homens morrem
Assim tão simples entes e mentes
Nada mais significam


São engodos                         
Nódoas
Mágoas
Coisas esquecíveis.
Simples entes e mentes
Ignoráveis.

Acordamos um dia como noturnos.
Entre fuzís e coturnos nos definimos libertários.
Perdidos entre o bucólico e o alcóolico nos dizemos apaixonados.
Mas nada é tão burguês quanto ser socialista.

É o mesmo que dizer temos queijo, mas não para ratos.
Temos vinho, mas vista o terno. Saiba termos. Regras.
Silêncios. Discrições descritas nos index
do bem comum.
Nada tão hipócrita.

A mortalha me serve.                                                   
É rede feita de linho.                      
Simples.

O sol é lindo.
O sal não arde.
De amor fui feito,
por amor lutei.
E as nuvens passam...

Um dia há de contrários, mas não eternidades.
É preciso o impreciso de verdades.
Então morremos. E sabemos
com tranquilidade
que não há mais dor.
Nem precisamos de esperanças.
Em breves, como em vidas, não havemos mais
lembranças ou
esquecimentos.

Nada mais além
do firmamento.
Jodhi Segal

Gostaria de ter mais palavras, minhas, próprias, para expressar mais um descontentamento do real, não mudo de partido, por quê?  porque talvez minha esperança seja ainda aquela “a ultima que morre!” Acredito no partido mesmo depois de tantas mudanças e a quem me pergunte por quê? Talvez pela concepção do que seja Partido, diferente do que é Governo. (Definição para outra postagem).
Que a força do medo que tenho
 Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.” (O. Montenegro)



Sistema de produção capitalista, cuja influência torna toda uma estrutura social contraditoria, uma sociedade alheia, um gorverno corrompido, uma ética sem credito, uma moral sem valor. Queria encontrar lugar para a minha filosofia, sei que não encontrarei e sei também que ela ficará no mundo das palavras ( utopia )...

"A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."
(Eduardo Galeano)

...como deve estar a filosofia de todos que acreditam que um Outro Mundo é Possivel. Escrevo como com a minha razão um Descontentamento, mas não uma desesperança. E acreditem ainda assim “prefiro o otimismo da vontade ao pessimismo da razão.” (Gramsci).

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ensaios sobre Alienação

Ensaios sobre Alienação
A palavra alienação vem do latim alienus, que veio a dar “alheio”, significando "o que pertence a um outro". No domínio do direito, a alienação designa o ato de transferência da posse ou do direito de propriedade de alguma coisa para outrem, seja por doação seja por venda. Na psiquiatria, a alienação era, até à algum tempo – há hoje tendência para abandonar o termo - sinônimo de doença mental grave, envolvendo a perda da noção quer da identidade pessoal quer da realidade. Segundo dicionário Ediouro, alienação – ação ou efeito de alienar-(se); cessão de bens ou direitos; enlevo, êxtase; perda da razão; desinteresse pelas questões políticas e sociais. No domínio estritamente filosófico, o tema da alienação é trazido para primeiro plano por Hegel e retomado, posteriormente, por Feuerbach, por Marx – cuja formulação é, sem dúvida, a mais conhecida – Para Marx, que analisou esse conceito básico, a alienação não é puramente teórica, manifesta-se na vida real, a partir da divisão do trabalho, quando o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu. Dessa forma temos alienação do trabalho conforme Marx, ao se confinar o operário à fabrica, retirando dele a posse do produto, é ele próprio que perde o centro de si mesmo, não escolhe o salário, o horário e nem tão pouco o ritmo do trabalho, somente o contrato de trabalho é livre, o resto inerente ao processo ainda é escravo mesmo.
 
Hoje em dia há a tendência para utilizar o termo nos mais variados domínios, dando-lhe o significado extremamente lato de todo o processo mediante o qual o homem deixa de ser autônomo, de ser dono de si mesmo, para se tornar propriedade (escravo) de um outro – algo ou alguém - que por ele decide acerca da sua vida. É precisamente nesse sentido que se fala na “alienação” provocada pela ideologia, pela droga, pelo materialismo, etc.
Para melhor explanar essa terminologia primeiramente vamos denominar e clarificar os quatro aspectos principais trazidos por Marx:

1.      O homem está alienado da natureza;
2.      Está alienado de si mesmo (de sua própria atividade);
3.       De seu “ser genérico” (de seu ser como membro da espécie humana)
4.      O homem está alienado do homem (dos outros homens)

O primeiro desses quatro aspectos “trabalho alienado” refere-se à relação do trabalhador com o produto do seu trabalho, sua relação com o exterior, os objetos da natureza. O segundo aspecto é a relação do trabalhador com o ato de produzir dentro do processo de trabalho, um processo de trabalho alheio, talvez ate a vontade do trabalhador, que não oferece satisfação em si e por si mesma. Marx chama o primeiro aspecto de “alienação da coisa” e o segundo, “auto-alienação”. O terceiro, porem, transforma o “o ser genérico” do homem, tanto a sua natureza como as suas faculdades espirituais especificas, num ser alheio a ele. Ele aliena o próprio corpo do homem em relação a si mesmo, como faz com a natureza exterior a sua existência espiritual, seu ser humano.

O quarto aspecto considera a relação dos homens com os outros homens. Como ressalta Marx sobre esta ultima:
 “uma conseqüência imediata do fato de que o homem está alienado do produto de seu trabalho, da atividade de toda a sua vida, de sua espécie, é alienação do homem em relação ao homem. Quando um homem se vê em face de si mesmo, ele se defronta com outro homem. O que se aplica à relação do homem com seu trabalho, com o produto de seu trabalho e consigo mesmo, também é válido para a relação do homem com outro homem, e com o trabalho de outro homem e o objeto de seu trabalho. Na realidade, a proposição de que a natureza da espécie do homem está alienada dele significa que um homem está alienado do outro homem, significa que todos eles estão alienados da essência humana.”

No trabalho e na produção a alienação é a mesma, a desfiguração do trabalhador em relação ao produto do seu trabalho dessa forma a máxima “A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas” Marx. No mundo vigente do capital e do trabalho o que não seria de certa forma alienação? Somos alienados no consumo, quando nos deixamos criar falsas necessidades, no pensamento quando não conseguimos refletir sobre as noticias da mídia, aceitando apenas as versões que nos são postas, no lazer, principalmente quando associamos este ao consumo. Enfim finalizo e que nos fique a reflexão.

“Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.”
(Fernando Pessoa)             

Referências:
  • Aranha,Maria Lucia de Arruda; Maria Helena Pires Martins - Filosofando:introdução a filosofia. 3.ed resvista - Sao Paulo: Moderna,2003Meszaros,István - Marx: A Teoria da Alienação - editores Zahar, 1981
  • Codo,Wanderley - O que é Alienação - Nova Cultura/Brasiliense,1986
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