"...aprendi que aprender é conscientizar-se e que o desenvolvimento de nossa consciência social é o acréscimo de esperanças angustiantes, que o prazer do aprendizado se mescla com a dureza de uma realidade social triste e desesperada que se incorpora e constroi a consciência do mundo e da vida..." ( Ex-Senador Lauro Campos)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Educação e Cultura para Amazônia.


Educação e Cultura para  Amazônia.

O escrito  foi um recorte dos autores abaixo citado.

Textos de Referência.

Ivanilde Apoluceno. Org – Cartografias Ribeirinhas Belém/PA, 2º edição. Eduepa, 2008.

Carlos Rodrigues Brandão – A educação como cultura – Campinas/SP, Mercados de Letras, 2002.

Maria Lucia de Arruda/Maria Helena P. Martins. Filosofando- Introdução a Filosofia.  São Paulo, 3º ed. Moderna , 2003



O mundo que resulta do pensar e do agir humano não pode ser chamado de natural, pois se encontra transformado e ampliado por nós. Portanto, as diferenças entre pessoas e animais não são apenas de grau, porque enquanto o animal permanece mergulhado na natureza, nós somos capazes de transforma-la tornando possível a cultura.
Em antropologia, cultura significa tudo que o ser humano produz ao construir sua existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais. Se o contato com o mundo é intermediado pelo símbolo como bem referência Carlos Brandão em seu texto “a educação como cultura”, a cultura é o conjunto de símbolos elaborados por um povo. Dada a infinita possibilidade humana de simbolizar, as culturas são múltiplas e variadas: inúmeras maneiras de pensar, de agir, de expressar anseios, temores e sentimentos em geral. Por isso mudam as formas de trabalhar, de se ocupar com o tempo livre, mudam as expressões artísticas e as maneiras de interpretar o mundo, tais como o mito, a filosofia ou a ciência.
O mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos por outros, de modo que, ao nascer, a criança encontra um mundo de valores já estabelecidos, onde ela vai se situar. A língua que aprende, a maneira de se alimentar, o jeito de se sentar, correr, brincar, o tom da voz nas conversas, as relações familiares, tudo enfim, se acha codificado. Ate nas emoções, que nos parece uma manifestação tão espontânea, ficamos à mercê de regras que educam desde a infância a nossa expressão.
A cultura é portanto, um processo que caracteriza o ser humano como Ser de mutação, de projeto, que se faz `a medida que transcende, que  ultrapassa a própria experiência. Quando o filosofo francês contemporâneo Gusdorf  diz que “ o homem não é o que é, mas é o que não é” , não está fazendo um jogo de palavras, porque o ser humano não se define por um modelo, por uma aparência, nem é apenas o que as circunstancia fizeram dele. Define-se pelo lançar-se no futuro, antecipando, por meio de projetos sua ação consciente sobre o mundo. Não há caminho feito, mas a fazer, não há modelo de conduta, mas processo continuo de criação de valores. Nada mais se apresenta como absolutamente certo e inquestionável. Eis para o Ser Humano  sua característica humana mais perfeita e nobre: a capacidade de produzir sua própria história e de se tornar sujeito de seus atos.
Segundo Apoluceno (2008) cultura se define como um lugar onde se articulam os conflitos sociais e culturais, onde se atribuem diferentes sentidos as coisas do mundo através do corpo, do imaginário, do simbólico, da participação, da interação, da poesia e no cotidiano. Nela se constituem os sujeitos e a sua identidade. E Carlos Brandão (2002) também contribui com a alusão quando nos possibilita pensar assim “a cultura configura o mapa da própria possibilidade da vida social. Ela não é econômica e nem o poder em si mesmos, mas o cenário multifacetado e polissêmico em que uma coisa e a outra são possíveis. Ela consiste tanto de valores e imaginários que representam o patrimônio espiritual de um povo, quanto das negociações cotidianas através das quais cada um de nós e todos nós tornamos a vida social possível e significativa. Quando falamos de cultura erudita e de cultura popular, de culturas indígenas, de culturas metropolitana, de cultura escolar ou de dilemas da cultura pós-moderna, estamos apenas dando nomes diferentes a evidentes diferenças de e entre pessoas através de suas culturas.”  Sendo assim Brandão define cultura como um processo e, ao mesmo tempo, o substrato de situação de enfrentamento e luta por hegemonia, autonomia, domínio, resistência e, no limite – sobrevivência.
Depois dessa alusão sobre cultura e se a educação vier despida de seus preconceitos, com capacidade suficiente não de segregar o diferente, mas de acolher as diversidades culturais da Amazônia então poderemos vislumbrar um salto qualitativo na educação dessa região tão rica culturalmente.
 
 
 
Paula Fernanda M de Menezes.